quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Transformações do Trabalho

INTRODUÇÃO

Ao se investigar o sentido do trabalho, no contexto da Educação Profissional voltada para a cidadania, é necessário um retorno às suas origens quando o homem trabalhava de forma conjunta com seus pares. A partir dessa forma primitiva de se educar, trabalhar e educar, transformações ocorreram na sociedade e, em consequência, nos processos, divisões e formas de compartilhar as ações produtivas. Com a divisão de classes, surgindo as primeiras formas do capitalismo, os homens passaram a compor, por um lado,  o grupo dos proprietários e por outro, o grupo dos desafortunados que nada possuíam além de sua energia potencial a ser vendida para sua sobrevivência. Com o advento das grandes revoluções, a exemplo da Francesa e da Industrial, os meios produtivos foram evoluindo e as relações de trabalho tornando-se mais precárias, em virtude da exploração da mão de obra. Nesse ínterim, a educação formal para o trabalho se resumia às escolas dos artífices cujos mestres ensinavam o ofício aos aprendizes e lhes recompensava com casa e comida. A escola formal era destinada aos membros da elite que se instruíam para serem gestores e/ou intelectuais. No início do Século XX o modelo de organização do trabalho implantado nas indústrias Ford, com base nos princípios de Taylor caracterizou um dos momentos das lutas de classe.  Com a crise na década de 70, novas formas de produção tiveram que ser buscadas e novos perfis dos trabalhadores que a partir de então necessitavam ser polivalentes e não mais um autômato nas linhas de produção fordista. A crise do petróleo e das contradições próprias do capitalismo afetaram o mundo inteiro e o mesmo ocorreu no Japão, cuja taxa de crescimento econômico havia caído a nível zero e foram inúmeras empresas que sofreram impactos. Entretanto esse impacto não refletiu da mesma forma na Toyota Motor Company, devido ao modelo idealizado pelo Engenheiro Taiichi Ohno que já o desenvolvia desde o pós II Guerra. O Toyotismo como ficou conhecido o modo de produção japonês, foi idealizado para eliminar totalmente o desperdício e superar o paradigma de produção em massa americano. Esse sistema se fundamentou em dois pilares: o Just-In-Time (JIT) e a autonomização com um toque humano (OHNO, 1997).  O Toyotismo influenciou e ainda influencia os modos de produção capitalista, uma vez que novas habilidades são exigidas do profissional que precisa atender de forma polivalente e politécnica ao novo formato empresarial, o capital intelectual recebe novos valores nos ativos das empresas e, nesse contexto a educação profissional assume posição essencial na era do conhecimento. Com a necessidade de suprir as empresas, com mão de obra qualificada a educação profissional assumindo papel  importante, uma vez que a sociedade de consumo contemporânea impõe que tudo circule em sua volta, em especial o trabalho e considerando a centralidade do trabalho na vida humana e da maneira que este atravessa as expectativas, as necessidades, a identidade e subjetividade do trabalhador, atualmente a formação do trabalhador tem se desenhado numa construção de valores que influenciam os aspectos sociais, culturais, educacionais, políticos e econômicos.  Através de programas estabelecidos     via políticas públicas educacionais, tais como Pronatec, medidas educativas baseadas no trabalho como princípio educativo vêm sendo implantadas nas escolas públicas, com objetivo de atender à demanda e assim evitar o total “apagão” por mão de obra qualificada.
                  












2 – DESENVOLVIMENTO


O sentido do trabalho para a cidadania apoia-se na premissa da educação como princípio educativo e este considera a premissa de que o trabalho é o meio essencial para apreensão do conhecimento em sua totalidade.
Nem sempre o trabalho teve essa conotação, de princípio educativo, embora sempre tenha estado atrelado à educação, em face de que o homem, desde os seus primórdios, trabalha e educa e ao trabalhar se educa.
As profundas transformações de cunho político, econômico e social vêm ocorrendo nas últimas décadas do Século XX e princípio do Século XXI e na internacionalização do capital se fundamenta a reestruturação nas formas produtivas. Nesse contexto a idealização de nova educação profissional se firma. Uma educação que eduque não só para o mundo do trabalho, mas também para exercício da cidadania. A metodologia a ser aplicada na formação educacional do futuro profissional precisa se apoiar nas Tecnologias da Informação e Comunicação de modo que este aprenda a lidar com a Natureza, que se conscientize com sua responsabilidade solidária com a sustentabilidade, que analise os impactos ambientais benéficos ou maléficos, que proponha alternativas tecnológicas sociais viáveis de aplicabilidade nas comunidades locais e regionais.
O MEC visando prestar auxílio na implantação de uma nova proposta de Ensino Médio editou o Documento Base intitulado “Educação Profissional Técnica de nível Médio Integrada ao Ensino Médio” (2007) e com base nesse documento as entidades estatais elaboraram suas diretrizes fundamentadas na LDB/96 que teve os capítulos e seções dedicadas ao Ensino Profissional modificados pelo Decreto 5154/2004.  Anteriormente, pensando apenas em atender  Educação Profissional Técnica desvinculando-a do Ensino Médio, assim ficou dissociada a formação geral da profissional. Entretanto, buscando promover correções a esse modelo educacional, Lula fez propostas nesse sentido:
                                   [...] uma das mais relevantes, em razão do seu fundamento político e por se tratar de um compromisso assumido com a sociedade na proposta de governo, foi a revogação do decreto n. 2.208/97, restabelecendo-se a possibilidade de integração curricular dos ensinos médio e técnico. (FRIGOTTO, CIAVATTA E RAMOS, 2005).
                            Assim o decreto 5.154/2004 retorna o vínculo entre o trabalho e educação buscando superar a dualidade presente entre formação específica e formação geral (BRASIL, MEC, 2007).

BRASIL, MEC. Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrada ao Ensino médio. Documento base. Brasília, 2006)

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