INTRODUÇÃO
Ao se investigar o sentido do trabalho, no
contexto da Educação Profissional voltada para a cidadania, é necessário um
retorno às suas origens quando o homem trabalhava de forma conjunta com seus
pares. A partir dessa forma primitiva de se educar, trabalhar e educar,
transformações ocorreram na sociedade e, em consequência, nos processos,
divisões e formas de compartilhar as ações produtivas. Com a divisão de
classes, surgindo as primeiras formas do capitalismo, os homens passaram a
compor, por um lado, o grupo dos
proprietários e por outro, o grupo dos desafortunados que nada possuíam além de
sua energia potencial a ser vendida para sua sobrevivência. Com o advento das
grandes revoluções, a exemplo da Francesa e da Industrial, os meios produtivos
foram evoluindo e as relações de trabalho tornando-se mais precárias, em
virtude da exploração da mão de obra. Nesse ínterim, a educação formal para o
trabalho se resumia às escolas dos artífices cujos mestres ensinavam o ofício
aos aprendizes e lhes recompensava com casa e comida. A escola formal era
destinada aos membros da elite que se instruíam para serem gestores e/ou
intelectuais. No início do Século XX o modelo de organização do trabalho
implantado nas indústrias Ford, com base nos princípios de Taylor caracterizou
um dos momentos das lutas de classe. Com
a crise na década de 70, novas formas de produção tiveram que ser buscadas e
novos perfis dos trabalhadores que a partir de então necessitavam ser
polivalentes e não mais um autômato nas linhas de produção fordista. A crise do
petróleo e das contradições próprias do capitalismo afetaram o mundo inteiro e
o mesmo ocorreu no Japão, cuja taxa de crescimento econômico havia caído a
nível zero e foram inúmeras empresas que sofreram impactos. Entretanto esse
impacto não refletiu da mesma forma na Toyota Motor Company, devido ao modelo
idealizado pelo Engenheiro Taiichi Ohno que já o desenvolvia desde o pós II
Guerra. O Toyotismo como ficou
conhecido o modo de produção japonês, foi idealizado para eliminar totalmente o
desperdício e superar o paradigma de produção em massa americano. Esse sistema
se fundamentou em dois pilares: o Just-In-Time
(JIT) e a autonomização com um toque humano (OHNO, 1997). O Toyotismo
influenciou e ainda influencia os modos de produção capitalista, uma vez
que novas habilidades são exigidas do profissional que precisa atender de forma
polivalente e politécnica ao novo formato empresarial, o capital intelectual
recebe novos valores nos ativos das empresas e, nesse contexto a educação profissional
assume posição essencial na era do conhecimento. Com a necessidade de suprir as
empresas, com mão de obra qualificada a educação profissional assumindo papel importante, uma vez que a sociedade de
consumo contemporânea impõe que tudo circule em sua volta, em especial o
trabalho e considerando a centralidade do trabalho na vida humana e da maneira
que este atravessa as expectativas, as necessidades, a identidade e
subjetividade do trabalhador, atualmente a formação do trabalhador tem se
desenhado numa construção de valores que influenciam os aspectos sociais,
culturais, educacionais, políticos e econômicos. Através de programas estabelecidos via políticas públicas educacionais, tais
como Pronatec, medidas educativas baseadas no trabalho como princípio educativo
vêm sendo implantadas nas escolas públicas, com objetivo de atender à demanda e
assim evitar o total “apagão” por mão de obra qualificada.
2 – DESENVOLVIMENTO
O sentido do trabalho para a cidadania
apoia-se na premissa da educação como princípio educativo e este considera a
premissa de que o trabalho é o meio essencial para apreensão do conhecimento em
sua totalidade.
Nem sempre o trabalho teve essa conotação, de
princípio educativo, embora sempre tenha estado atrelado à educação, em face de
que o homem, desde os seus primórdios, trabalha e educa e ao trabalhar se
educa.
As profundas transformações de cunho
político, econômico e social vêm ocorrendo nas últimas décadas do Século XX e
princípio do Século XXI e na internacionalização do capital se fundamenta a
reestruturação nas formas produtivas. Nesse contexto a idealização de nova
educação profissional se firma. Uma educação que eduque não só para o mundo do
trabalho, mas também para exercício da cidadania. A metodologia a ser aplicada
na formação educacional do futuro profissional precisa se apoiar nas
Tecnologias da Informação e Comunicação de modo que este aprenda a lidar com a
Natureza, que se conscientize com sua responsabilidade solidária com a
sustentabilidade, que analise os impactos ambientais benéficos ou maléficos,
que proponha alternativas tecnológicas sociais viáveis de aplicabilidade nas
comunidades locais e regionais.
O MEC visando prestar auxílio na implantação
de uma nova proposta de Ensino Médio editou o Documento Base intitulado “Educação
Profissional Técnica de nível Médio Integrada ao Ensino Médio” (2007) e com
base nesse documento as entidades estatais elaboraram suas diretrizes
fundamentadas na LDB/96 que teve os capítulos e seções dedicadas ao Ensino
Profissional modificados pelo Decreto 5154/2004. Anteriormente, pensando apenas em atender Educação Profissional Técnica desvinculando-a
do Ensino Médio, assim ficou dissociada a formação geral da profissional.
Entretanto, buscando promover correções a esse modelo educacional, Lula fez
propostas nesse sentido:
[...] uma das mais
relevantes, em razão do seu fundamento político e por se tratar de um
compromisso assumido com a sociedade na proposta de governo, foi a revogação do
decreto n. 2.208/97, restabelecendo-se a possibilidade de integração curricular
dos ensinos médio e técnico. (FRIGOTTO, CIAVATTA E RAMOS, 2005).
Assim o decreto
5.154/2004 retorna o vínculo entre o trabalho e educação buscando superar a
dualidade presente entre formação específica e formação geral (BRASIL, MEC,
2007).
BRASIL, MEC. Educação Profissional Técnica de Nível
Médio Integrada ao Ensino médio. Documento base. Brasília, 2006)
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